"É inutil dizer: estamos a fazer o possível. Precisamos fazer o que é necessário."

sexta-feira, 8 de julho de 2011

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sábado, 2 de julho de 2011

Educar para fazer melhores escolhas

Especialista em mudanças na educação presencial e a distância

Num mundo mais complexo e onde há tantas possibilidades em todos os campos, pessoais e profissionais, precisamos fazer cada vez mais escolhas. A educação pode ser um caminho fundamental para ter condições de fazer escolhas mais significativas no campo intelectual, emocional, profissional e social na construção de uma vida mais plena de sentido e realização.

A finalidade principal de aprender não é acumular informação, mas transformá-la em conhecimento que permita fazer opções interessantes entre idéias, valores, visões de mundo, com freqüência conflitantes. Esse papel mais amplo não pode ser atribuído somente à escola, mas também à família, à cada instituição, à cidade como um todo (cidade educadora). Mas a escola tem focado mais a formação intelectual do que a vivência das práticas aprendidas; isto é, se preocupa em mostrar caminhos, sem acompanhar os resultados concretos (a realização pessoal, profissional, emocional). De que adianta saber muito, se somos infelizes, se temos dificuldades em assumir desafios, em sair de situações de opressão em alguns campos?

A educação - na sua dimensão pessoal - pode contribuir para que façamos escolhas significativas na construção de uma vida com sentido, que nos realize, que tenha valor aos nossos olhos e aos de outras pessoas. É fundamental construir um percurso de vida que valha a pena, que nos traga cada vez mais realização e que seja motivo de orgulho: realizamos algumas coisas interessantes: "contribuí para melhorar a vida de centenas de alunos", ou "criei uns filhos que estão aprendendo a seguir seu caminho".... Uma das maiores frustrações das pessoas é constatar que não construíram algo de que se orgulhem e que os realize, que deixaram passar o tempo e se acomodaram na mediocridade.

Podemos analisar o impacto da educação, a longo prazo, pela facilidade maior ou menor em enfrentar dificuldades, em fazer escolhas mais interessantes para nossa vida, na capacidade de modificar o que nos prende, o que nos complica na vida profissional, familiar, social; na constatação de que construímos uma vida que faz sentido e nos realiza.
Um dos campos mais importantes da educação pessoal é conseguir discernir o que vale a pena manter das visões de mundo que nos foram transmitidas pelos nossos pais e educadores na infância. Recebemos muitos valores prontos, formas de enxergar o mundo muito específicas. É importante ter condições de rever o que faz sentido depois que vamos crescendo e libertar-nos de muitos medos, preconceitos, deturpações, simplismos, que nos foram passados, muitas vezes com a melhor das intenções. Educar é ajudar a desconstruir o que não nos serve mais e reconstruir de forma mais ampla valores, emoções, visões de mundo mais condizentes com o nosso grau de percepção atual.

Muitos ficam tolhidos pelo medo, pela inércia, pelo comodismo de não pensar criticamente. Num mundo cada vez mais complexo, de brutais mudanças, mas onde há muitos valores que nos complicam (como o consumismo, o mostrar-se diferente do que se é) a educação humanista, integral, profunda é decisiva para ajudar a crescer na nossa realização pessoal, familiar, profissional e social.

Educação pessoal libertadora


Educadores são os que contribuem para ajudar-nos a evoluir, a ampliar nossos horizontes em todos os campos e a que possamos fazer escolhas cada vez mais realizadoras, abrangentes e interessantes. Tem pessoas que nos ensinam algumas coisas (e podem ser bons profissionais) e tem outras, que nos ajudam a perceber mais, a ampliar horizontes, a motivar-nos para viver melhor e que torcem pelo nosso sucesso como pessoas; essas, além de bons profissionais, são bons educadores.

Quando vejo tantas pessoas escolarizadas, dando tanto valor a futilidades, a múltiplas aparências, sacrificando-se na ânsia de possuir mais bens, agitando-se nas borbulhas de qualquer distração, satisfeitas na superficialidade de ritos repetidos e, provavelmente, vazios, percebo que a educação de alguma forma falhou, mesmo que formalmente elas tenham obtido muitos diplomas e sejam, em alguns aspectos, bem sucedidas.

Na educação pessoal precisamos olhar o todo, o resultado mais amplo e de longo prazo e não só o sucesso profissional e econômico. As pessoas aprendem a gerenciar bem suas vidas? Aprendem a lidar bem com a complexidade de opções em todos os campos (pessoal, familiar, profissional, social)? Tem condições de analisar idéias, valores, escolhas possíveis tão diferentes, numa sociedade tão contraditória? Conseguem ser criativas, ter independência de pensamento, de resistir à sedução de qualquer novidade, de ser meros alto-falantes de qualquer opinião emitida pela mídia? Conseguem enxergar além das seduções imediatas do consumo, do glamour do mundo das modas, da efervescência juvenil, do deslumbramento com o sucesso fácil? Conseguem ter motivação profunda para viver? Conseguem encontrar uma relativa paz interior e realização autênticas?

Olhando na perspectiva dos resultados pessoais obtidos, a educação social parece bastante pobre e inconsistente. São muitas as pessoas que não acham sentido no que fazem, na forma como vivem, nas tarefas que desempenham. São muitos os que mais sobrevivem do que plenamente vivem. Aprenderam muitas coisas, menos as principais.

É importante pensar na educação que valorize as pessoas, que as liberte dos ditadores das soluções únicas, das imposições autoritárias em qualquer campo, principalmente no emocional. Que ajude a aprender a desconfiar de modelos fechados, de caminhos únicos, de ideologias opressoras, de salvadores messiânicos. Não há soluções perfeitas, acabadas, mas soluções possíveis em cada momento, relativas, parciais, mas cada vez mais amplas, complexas e estimulantes. É importante propor caminhos de aprender a libertar-se, a fazer escolhas cada vez mais libertadoras, ajudados por pessoas-educadoras que caminham também nesse mesmo processo de liberdade.

Além das dimensões sociais, o objetivo último da educação é contribuir para a mudança e realização pessoais. Todas as formas de educação – familiar, escolar, profissional, informal, continuada – procuram que cada de um de nós consiga aprender a desenvolver-se como pessoa em cada fase das nossas vidas. E podemos avaliar esse processo pelo impacto e resultados que conseguimos pessoalmente: O quanto cada um de nós gosta de estar sempre aprendendo, evoluindo, praticando, melhorando intelectualmente, emocionalmente, comportamentalmente. O investimento em educação terá valido a pena se cada um de nós se transforma em uma pessoa interessante, afetiva, colaborativa, criativa, realizada. Terá valido a pena se construímos percursos de vida significativos, com contribuições perceptíveis no campo pessoal, familiar, profissional e social.


A educação atual: entre o direito e o negócio

Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância

  Há muitas contradições e tensões na educação. As principais se devem a que em alguns momentos focamos a educação mais como direito – educação para todos – enquanto que, em outros, o foco é a educação como negócio – como bem econômico, serviço, que se compra e vende, se organiza como empresa e onde se busca a maior rentabilidade, lucro e retorno do investimento.

Quando damos ênfase à dimensão integral do ser humano, à integração entre idéias, sentimentos e valores estamos focando a educação como necessidade e direito de todos, de formar cidadãos críticos (educação como direito). Quando a ênfase recai sobre o investimento, planilhas, serviço, custo, retorno financeiro, predomina a educação como negócio em que a dimensão de direito, humanística e integral costuma permanecer num segundo plano (educação como negócio).

Avança a consciência da importância da educação para todos (como direito), e, simultaneamente, avançam as oportunidades de ampliação das empresas educacionais em grandes grupos econômicos, que buscam novas formas de gestão, de capitalização, de mercado e de retorno financeiro (negócio).

A educação pública costuma ser identificada como direito, como dever social, como construção de identidade pessoal e grupal (embora também haja muita acomodação, corporativismo e desperdício de recursos). Já a educação privada está mais associada ao bem econômico, ao negócio, investimento financeiro (embora haja grandes instituições que procuram destacar a dimensão social sobre a mercantil). Nem toda a educação pública desenvolve as dimensões sociais assim como nem toda a privada só se preocupa com o “business”. As instituições privadas confessionais carregam a contradição de defender valores cristãos e, ao mesmo tempo, serem competitivas gerencialmente para não perder mercado diante de outras mais voltadas para resultados. Neste momento parece que o pêndulo se inclina mais para a gestão eficiente do que para os valores humanos.

Os professores costumam desenvolver uma concepção de educação mais como profissão de forte cunho social, que contribui para a aprendizagem integral dos alunos. Estão preocupados fundamentalmente com a dimensão social (direito). Já os administradores e gestores, embora valorizem as dimensões pedagógicas, tendem a preocupar-se fundamentalmente com o econômico, e seu olhar está tão orientado por processos de gestão empresarial, que, com freqüência, terminam se sobrepondo às necessidades pedagógicas.

Do ponto de vista das ferramentas que utilizam, os professores costumam trabalhar com textos e apresentações, enquanto os administradores com as planilhas (“Word” x “Excel”). A crescente entrada de administradores profissionais na educação está contribuindo para racionalizar custos, para otimizar recursos, mas, sentimos que há tensões que apontam para um predomínio do econômico sobre o pedagógico, principalmente no nível superior. Ganha-se em resultados econômicos, mas a custa da perda de direitos e conquistas sociais conseguidas nas últimas décadas.

Estamos numa fase de profundas transformações, que nos estão levando a re-organizar todos os processos de ensino e aprendizagem, incluindo atividades a distância, flexibilidade curricular, possibilidade de cursos on-line em qualquer lugar e a qualquer hora. Se predominar a concepção administrativa sobre a pedagógica, poderemos criar com tecnologias novas processos velhos ampliados. Há uma certa apropriação das tecnologias avançadas hoje para a multiplicação de processos conservadores, focados no conteúdo transmitido ou disponibilizado, pela substituição do professor pelo “tutor” (mais barato) e pelo enxugamento de custos e maximização de lucros.

Precisamos estar atentos a re-equilibrar a educação como direito e como negócio, a buscar inovações na gestão, mas com foco na aprendizagem significativa, humanística, afetiva e com valores sólidos. Temos que inovar, avançar, criar uma educação mais próxima do aluno de hoje e das possibilidades de uma sociedade conectada, mantendo os valores humanos, afetivos e éticos cada vez mais vivos e predominantes. Podem conviver a educação como direito e como negócio, de forma equilibrada. Mas é bom estarmos atentos como sociedade a que a racionalidade administrativa não se sobreponha à pedagógica.

É importante que os gestores desenvolvam mais o conhecimento e prática pedagógicos, para que entendam a educação de forma profunda, por dentro. Ao mesmo tempo, também é fundamental mostrar aos educadores o lado gerencial institucional e que afeta a organização do ensino e aprendizagem. Do equilíbrio e integração verdadeira entre educadores e gestores dependerá o sucesso das mudanças necessárias na educação.

Texto complementar do meu livro A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá, da Editora Papirus

Ensino e educação de qualidade (!?)

Especialista em mudanças na educação presencial e a distância
Texto publicado no livro Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica, 12ª ed. Campinas: Papirus, p.12

 
Há uma preocupação com ensino de qualidade mais do que com a educação de qualidade. Ensino e educação são conceitos diferentes. No ensino se organizam uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a que compreendam áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemáticas).
 
Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Fala-se muito de ensino de qualidade. Muitas escolas e universidades são colocadas no pedestal, como modelos de qualidade. Na verdade, em geral, não temos ensino de qualidade. Temos alguns cursos, faculdades, universidades com áreas de relativa excelência. Mas o conjunto das instituições de ensino está muito distante do conceito de qualidade.
O ensino de qualidade envolve muitas variáveis:
  • Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo.
  • Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais.
  • Relação efetiva entre professores e alunos que permita conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los.
  • Infra-estrutura adequada, atualizada, confortável. Tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas.
  • Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal.
O ensino de qualidade é muito caro, por isso pode ser pago por poucos ou tem que ser amplamente subsidiado e patrocinado.
Poderemos criar algumas instituições de excelência. Mas a grande maioria demorará décadas para evoluir até um padrão aceitável de excelência.
Temos, no geral, um ensino muito mais problemático do que é divulgado. Mesmo as melhores universidades são bastante desiguais nos seus cursos, metodologias, forma de avaliar, projetos pedagógicos, infra-estrutura. Quando há uma área mais avançada em alguns pontos é colocada como modelo, divulgada externamente como se fosse o padrão de excelência de toda a universidade. Vende-se o todo pela parte e o que é fruto as vezes de alguns grupos, lideranças de pesquisa, como se fosse generalizado em todos os setores da escola, o que não é verdade. As instituições vendem externamente os seus sucessos - muitas vezes de forma exagerada - e escondem os insucessos, os problemas, as dificuldades.
 
Temos um ensino em que predomina a fala massiva e massificante, um número excessivo de alunos por sala, professores mal preparados, mal pagos, pouco motivados e evoluídos como pessoas.
Temos bastantes alunos que ainda valorizam mais o diploma do que o aprender, que fazem o mínimo (em geral) para ser aprovados, que esperam ser conduzidos passivamente e não exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição escolar.
A infra-estrutura costuma ser inadequada. Salas barulhentas, pouco material escolar avançado, tecnologias pouco acessíveis à maioria.
 
O ensino está voltado, em boa parte, para o lucro fácil, aproveitando a grande demanda existe, com um discurso teórico (documentos) que não se confirma na prática.. Há um predomínio de metodologias pouco criativas; mais marketing do que real processo de mudança.
É importante procurar o ensino de qualidade, mas conscientes de que é um processo longo, caro e menos lucrativo do que as instituições estão acostumadas.
 
Nosso desafio maior é caminhar para uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social. E até agora encontramos poucas pessoas que estejam prontas para a educação com qualidade.

Todos somos educadores

 Especialista em mudanças na educação presencial e a distância
 Num sentido amplo, todos somos educadores.

Todos somos "educadores",
porque ensinamos
- consciente ou inconscientemente -
formas mais ou menos interessantes de viver,
que podem servir de estímulo para evoluir
ou de pretexto para manter-se na mediocridade.

Somos educadores,
quando vamos nos construindo
como pessoas melhores, mais equilibradas,
mais competentes
profissionalmente,
emocionalmente,
socialmente.

Somos educadores de nós mesmos,
se vivemos cada etapa da vida com coerência,
aprendendo a lidar com nossas dificuldades,
contradições, defeitos,
e avançamos, no ritmo possível,
tornando-nos pessoas mais afetivas, engajadas, realizadas.

Somos educadores,
quando contribuímos para motivar as pessoas
que estão perto de nós,
quando transmitimos esperança,
quando ensinamos valores humanizadores,
principalmente pelas nossas ações.

Somos educadores,
quando construímos uma trajetória pessoal,
familiar, profissional e social digna,
crescente e rica em todas as dimensões.

Muitos não acreditam no seu potencial de crescimento
e, infelizmente, se perdem ou se contentam com uma vida superficial,
consumista, autocentrada e insignificante.

Vale a pena - ao olhar para nossa vida, tão rápida e insegura –
constatar que está valendo a pena,
que nosso saldo é positivo,
que não nos contentamos simplesmente em sobreviver,
que nos realizamos cada vez mais
- com problemas e contradições -
como pessoas mais abertas, humanas e atuantes socialmente.