“Os profissionais de saúde deveriam receber um treinamento específico em relação ao distúrbio. Quando os pais levam as crianças ao pediatra para acompanhar o crescimento do bebê, ele já deveria ficar atento aos sinais e também às observações da mãe. Essa demora influencia posteriormente a evolução da criança”, completa a médica.
O autismo é definido por um conjunto de comportamentos que variam em grau e gravidade. Indivíduos com dificuldade de socialização, de comunicação, com certa tendência à repetição e a ser metódico podem apresentar autismo. A National Health Statistics Report, em seu último estudo, relata que nos Estados Unidos há uma criança afetada por alguma forma de autismo a cada 50. Já segundo a Cleveland Clinic, importante hospital e centro de pesquisa dos Estados Unidos, há uma criança com autismo para cada 88. O Brasil ainda não dispõe de estatísticas oficiais, mas a Lei Berenice Piana, sancionada recentemente e que garante que portadores do transtorno do espectro autista devem ser considerados deficientes para fins legais, também propõe a realização de um censo para saber o número de indivíduos autistas no país.
De acordo com a neurologista, as crianças que nascem com autismo já começam a demonstrar sinais aos nove meses. “Elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama. A partir dos 12 meses, por exemplo, elas também não apontam com o dedinho. No primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas. Quando os pais fazem brincadeiras de esconder, sorrir, também não demonstram muita reação”, explica ela.
Não existe um exame para detectar o distúrbio, e seu diagnóstico é baseado no histórico do indivíduo. As causas, ainda de acordo com a especialista, são variadas e incluem fatores genéticos, infecções durante a gravidez da mãe e má-formação cerebral.
Em relação ao tratamento, também não há um modelo padrão, pois cada pessoa necessita de um acompanhamento individual com profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Algumas precisam tomar medicamentos, especialmente quando há comorbidades associadas.
Embora exista preconceito em relação ao autismo, muitos dos portadores, de acordo com a médica, conseguem se desenvolver e ser incluídos na sociedade. Para isso, ela reforça que o apoio da família é de extrema importância. “Um estudo populacional americano demonstrou que 30% dos autistas com certo nível intelectual e tratamento precoce se tornam independentes, 30% se tornam parcialmente dependentes e 40% são dependentes”, diz Carla Gikovate.
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